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Insurtechs no Brasil: Como as Startups Estão Revolucionando o Seguro


 Mapa do Brasil com destaque para o ecossistema de insurtechs, representado por circuitos eletrônicos e nomes de startups em várias regiões. Imagem com o título "Distrito Insurtech Brazil" sobreposto à bandeira do Brasil ao fundo. Referência ao documento de mapeamento do ecossistema de startups de seguros no país.

O mercado de seguros no Brasil, historicamente marcado por processos burocráticos, linguagens técnicas e pouca inovação, está passando por uma transformação sem precedentes. No centro dessa revolução estão as insurtechs, startups que unem tecnologia e serviços de seguros para entregar soluções mais ágeis, personalizadas e acessíveis ao consumidor moderno.


Impulsionadas pelo avanço digital, pela mudança no comportamento dos usuários e pelo crescimento da economia de plataformas, essas empresas vêm conquistando espaço ao oferecer alternativas digitais aos tradicionais contratos de seguro — que antes exigiam longas negociações presenciais e pouquíssima transparência.


A ascensão das insurtechs não é apenas uma resposta à insatisfação dos consumidores com o modelo tradicional, mas também um reflexo da maturidade do ecossistema de inovação brasileiro. Startups como Youse, Kakau, Pier e outras estão redesenhando a forma como o brasileiro entende, contrata e se relaciona com seguros.


Neste artigo, vamos explorar com profundidade o que são insurtechs, como elas funcionam, os principais players do mercado nacional, os desafios regulatórios, além de revelar as tendências que moldarão o futuro dos seguros no Brasil — com foco em inovação, acessibilidade e inteligência tecnológica.


Se você ainda associa seguros a papéis, agências físicas e linguagem indecifrável, prepare-se para descobrir um novo mundo — digital, dinâmico e centrado no cliente.



O que são Insurtechs e por que estão em alta?


A origem do termo e o conceito por trás das Insurtechs


A palavra “insurtech” nasce da fusão dos termos insurance (seguro) e technology (tecnologia), seguindo a mesma linha de outros neologismos como fintech (finanças + tecnologia) e healthtech (saúde + tecnologia). Trata-se de startups e empresas digitais que aplicam inovação tecnológica para otimizar, simplificar e democratizar o acesso a produtos e serviços de seguros.


Enquanto fintechs têm foco em soluções financeiras como pagamentos, crédito e investimentos, e healthtechs atuam em áreas como telemedicina, planos de saúde e diagnósticos inteligentes, as insurtechs concentram sua atuação no universo dos seguros — sejam eles de vida, automóveis, residenciais, empresariais, entre outros.


Na prática, isso significa plataformas totalmente digitais, contratação 100% online, planos sob demanda, uso de inteligência artificial para precificação e análise de risco, e uma jornada de usuário muito mais intuitiva, transparente e centrada no cliente.


A fusão entre seguros e tecnologia


As insurtechs representam uma mudança radical na forma como o seguro é concebido, vendido e utilizado. Elas substituem modelos burocráticos por fluxos automatizados, eliminam intermediários desnecessários e oferecem produtos altamente customizáveis, que se adaptam ao perfil, ao estilo de vida e até ao comportamento do usuário.


Além disso, essas startups utilizam tecnologias como:


Big Data e machine learning para prever riscos com mais precisão;

Chatbots e inteligência artificial para atendimento ágil;

Blockchain para aumentar a segurança e confiabilidade dos contratos;

APIs e integração com outros serviços financeiros via Open Insurance.


Essa fusão não é apenas tecnológica, mas também filosófica: sai o modelo de venda forçada, entra o modelo de experiência e confiança digital.


O cenário global e o crescimento no Brasil


A ascensão das insurtechs é um movimento global, embora tenha enfrentado desafios recentes. De acordo com o relatório "State of Insurtech 2024" da CB Insights, o financiamento global para insurtechs caiu para US$ 4,25 bilhões em 2024, o menor desde 2017, representando uma queda de 45% em relação a 2022.  Essa retração reflete um cenário global adverso, marcado pela alta dos juros e uma racionalização dos investimentos de risco.


Apesar disso, insurtechs como Lemonade, Root, Zego e Alan continuam se consolidando como players relevantes nos Estados Unidos, Europa e Ásia, quebrando paradigmas e ganhando espaço entre os consumidores mais jovens e digitalizados.


No Brasil, o cenário permanece promissor. Segundo o Distrito Insurtech Report 2024, o país já soma cerca de 250 insurtechs ativas, com destaque para empresas como Youse, Kakau, Pier, Azos e Justos. 


Esse crescimento é impulsionado por diversos fatores:


Baixa penetração de seguros entre a população brasileira, representando um campo fértil de expansão;

Avanço da inclusão digital e do mobile banking, facilitando o acesso a serviços online;

Mudança geracional, com consumidores mais exigentes e conectados;

Regulação mais flexível, como o sandbox regulatório da SUSEP, que estimula a inovação com menor risco.


Em resumo, o Brasil se tornou um terreno fértil para a disrupção no setor de seguros, com um mercado inexplorado, alta demanda por digitalização e empreendedores criativos dispostos a desafiar o status quo.



As principais dores do mercado de seguros tradicional


Por décadas, o mercado de seguros no Brasil operou com base em uma estrutura verticalizada, excessivamente burocrática e, em muitos casos, desconectada da realidade do consumidor moderno.


Essa abordagem não apenas afastou o público mais jovem como também criou barreiras para o acesso de milhões de brasileiros aos serviços de proteção patrimonial, pessoal e familiar. Vamos explorar os principais gargalos que abriram caminho para a ascensão das insurtechs.


Burocracia e linguagem inacessível


Contratar um seguro, no modelo tradicional, frequentemente significa lidar com excessiva papelada, idas a agências físicas, longos prazos de análise e exigências complexas de documentação. Além disso, as apólices costumam ser escritas em linguagem jurídica, técnica e de difícil compreensão até mesmo para pessoas com alto nível de escolaridade.


Esse tipo de abordagem:

Cria insegurança e desconfiança no consumidor;

Gera a sensação de que se está adquirindo algo que não se entende completamente;

Impede a comparação clara entre produtos e coberturas.


Em um mundo orientado por experiências fluídas, esse modelo se torna um entrave à inclusão e à autonomia do cliente.


Experiência do cliente e processos lentos


Outro ponto crítico do seguro tradicional é a experiência do usuário, muitas vezes marcada por:


Demoras no atendimento e na resolução de sinistros;

Dificuldade de comunicação com corretores ou centrais telefônicas;

Falta de canais digitais funcionais e responsivos;

Ausência de atualizações em tempo real sobre o andamento dos processos.


Esses fatores geram frustração e desengajamento, sobretudo em um contexto onde os consumidores já se acostumaram com soluções instantâneas em outros setores — como bancos digitais, delivery e streaming.


Na prática, a lentidão operacional e o distanciamento entre cliente e empresa enfraquecem a relação de confiança, essencial no mercado de seguros.


Falta de personalização e transparência


No modelo tradicional, os produtos de seguro tendem a ser padronizados, engessados e pouco ajustáveis às reais necessidades dos segurados. É comum que clientes paguem por coberturas que não utilizam ou não possam ajustar o seguro de acordo com seu perfil de risco, comportamento ou estilo de vida.


Além disso, a transparência nos preços, cláusulas contratuais e condições de exclusão ainda é uma grande deficiência. Muitos consumidores descobrem detalhes importantes do contrato apenas após acionar o seguro — o que leva a conflitos, perda de confiança e baixa taxa de renovação.


Essas limitações abrem espaço para soluções mais modernas, como as das insurtechs, que utilizam dados, algoritmos e inteligência artificial para oferecer seguros personalizados, dinâmicos e fáceis de entender.


Como as Insurtechs estão resolvendo esses problemas?


As insurtechs não estão apenas digitalizando o setor de seguros. Elas estão redefinindo as regras do jogo. Ao aliar tecnologia de ponta com foco na experiência do cliente, essas startups têm conseguido quebrar paradigmas, entregar mais valor com menos fricção e ampliar significativamente o acesso à proteção financeira. Nesta seção, você entenderá como elas estão fazendo isso, na prática.


Principais tecnologias utilizadas pelas Insurtechs


A base do sucesso das insurtechs está na integração estratégica de tecnologias emergentes. Cada ferramenta cumpre uma função essencial na jornada do cliente e na eficiência operacional.


Inteligência Artificial (IA) para precificação e análise de risco


A IA permite processar dados em larga escala e identificar padrões que os modelos tradicionais de seguro não detectam. Com ela, as insurtechs podem:


Realizar precificação dinâmica baseada no comportamento individual (ex: uso do carro, estilo de vida);

Automatizar análises de crédito e risco com mais precisão;

Reduzir fraudes e acelerar aprovações.


Isso significa prêmios mais justos e decisões mais rápidas — tudo com base em dados reais, não apenas em estimativas genéricas.


Big Data e Machine Learning para personalização


Big Data e ML permitem às insurtechs mapear o perfil do cliente com profundidade:


Histórico de consumo, geolocalização, hábitos financeiros;

Propostas de cobertura personalizadas e ajustáveis;

Recomendações automatizadas de produtos com base em eventos da vida (ex: casamento, nascimento de filhos, aquisição de imóvel).

O resultado é uma experiência muito mais relevante e centrada no usuário.


Blockchain para segurança e contratos inteligentes


O uso de blockchain garante transparência, rastreabilidade e inviolabilidade dos dados. Ele também permite:


Smart contracts (contratos inteligentes) que são executados automaticamente ao serem acionadas as condições combinadas — por exemplo, em caso de atraso de voo ou perda de bagagem;

Redução de custos com intermediações;

Eliminação de dúvidas jurídicas quanto à validade das apólices.


APIs e Open Insurance para integração entre players


Com o advento do Open Insurance no Brasil, as insurtechs passaram a se conectar com outros players do ecossistema financeiro via APIs abertas. Isso permite:


Compartilhamento seguro de dados entre seguradoras, bancos, fintechs e plataformas;

Criação de marketplaces de seguros mais competitivos;

Comparação de produtos e contratação rápida via apps de terceiros.

Essa interoperabilidade amplia a oferta, reduz custos e dá mais poder de escolha ao cliente.


Modelos de negócios inovadores


Além da tecnologia, as insurtechs têm se destacado por modelos de negócio mais ágeis, acessíveis e centrados no usuário final.


Assinaturas mensais em vez de contratos anuais

Ao invés de travar o cliente em contratos longos e burocráticos, muitas insurtechs oferecem modelos de assinatura flexível, com pagamento mensal, cancelamento fácil e recontratação instantânea — uma abordagem já consagrada em serviços como Netflix e Spotify.

Isso:


Reduz a barreira de entrada;

Melhora a fidelização;

Democratiza o acesso.


Microseguros e seguros sob demanda


Perfeito para quem busca coberturas pontuais, temporárias ou de baixo custo, os microseguros protegem desde eletrônicos até pets, bicicletas e até mesmo entregadores e motoristas de app. Já os seguros sob demanda podem ser ativados e pausados quando o cliente desejar — via app, com um clique.


Esse modelo tem sido revolucionário para públicos que antes estavam à margem da proteção formal.


Plataformas 100% digitais com atendimento instantâneo


As insurtechs eliminam as agências físicas e oferecem toda a jornada — da cotação ao sinistro — por meio de plataformas digitais, com suporte via chatbot, WhatsApp, app ou e-mail.


O atendimento é ágil, personalizado e disponível 24/7, o que gera:

Economia de tempo;

Redução de custos operacionais;

Satisfação e fidelização do usuário.


Essas soluções não apenas resolvem os antigos problemas do setor, como também abrem novas possibilidades de negócio, engajamento e inclusão.



Panorama das Insurtechs brasileiras em destaque


O cenário de insurtechs no Brasil está em plena ebulição. Impulsionadas pela digitalização acelerada, abertura regulatória e um consumidor cada vez mais exigente, diversas startups nacionais estão rompendo barreiras no mercado segurador tradicional. A seguir, conheça algumas das insurtechs que estão liderando essa transformação com tecnologia, acessibilidade e foco total no cliente.


Youse Seguros – Pioneirismo com backing da Caixa Seguradora


A Youse foi uma das primeiras insurtechs a ganhar grande visibilidade no Brasil. Lançada em 2016 como uma iniciativa da Caixa Seguradora, sua proposta inovadora desafiou o mercado com um modelo 100% digital e centrado na liberdade de escolha do cliente.


Diferenciais de UX e personalização de coberturas


Um dos principais trunfos da Youse está em sua experiência do usuário (UX) altamente intuitiva, com interface amigável e linguagem clara — algo raro no setor até então. Além disso:


Permite que o próprio cliente monte sua apólice de forma personalizada;

Oferece simulações em tempo real com preços transparentes;

A contratação e a gestão do seguro são feitas pelo app ou site, sem intermediários.


Estratégia digital-first e inovação regulatória


A Youse também teve papel relevante ao puxar discussões com a SUSEP sobre novos formatos de operação, o que ajudou a abrir caminho regulatório para outras insurtechs.

Sua operação funciona como uma empresa 100% online, com produtos flexíveis e suporte digital contínuo.


Kakau Seguros – Seguros por assinatura sem complicação


Fundada com o propósito de simplificar o seguro, a Kakau se destaca por oferecer uma experiência que remete aos serviços de streaming: rápida, sem burocracia e com cancelamento livre.


Proposta de valor e simplicidade no onboarding


A Kakau eliminou os processos morosos de contratação tradicionais e apostou em:


Um onboarding simplificado, feito em minutos via app;

Pagamento por assinatura mensal (sem fidelidade);

Contratação sem necessidade de corretor ou avaliação presencial.


Seu portfólio inclui seguros para celular, bike, equipamentos eletrônicos e até pets, com coberturas ajustáveis e linguagem acessível.


Foco em inovação e jornada do cliente


O diferencial da Kakau está na sua atenção ao ciclo completo do cliente, com foco em:


Suporte rápido via WhatsApp e chatbots treinados em IA;

Monitoramento de satisfação constante;

Transparência total no processo de sinistro.


Outras insurtechs relevantes no ecossistema brasileiro


Além da Youse e da Kakau, outras insurtechs vêm se destacando com propostas disruptivas, cada uma com um foco específico.


Veja os destaques:


Pier


A Pier aposta na tecnologia de ponta para oferecer seguros simples e descomplicados. Seus diferenciais incluem:


Uso intenso de Inteligência Artificial para análise de risco e liberação automática;

Seguro de celular e carro com cancelamento instantâneo via app;

Promessa de sinistros pagos em até 5 minutos (em alguns casos).


Thinkseg


Uma das primeiras insurtechs a explorar o modelo de seguro sob demanda no país. Suas principais inovações:


Precificação por uso (pay-per-use), especialmente em automóveis;

Adoção de telemetria e dados comportamentais para ajustar o valor do seguro em tempo real.


Azos


Focada em seguros de vida, a Azos se diferencia por sua:


Emissão 100% digital em menos de 5 minutos;

Coberturas personalizadas a partir de análises de perfil;

Transparência e simplicidade na explicação dos produtos — inclusive com conteúdo educativo para quem nunca contratou seguro de vida.


Justos


Talvez uma das insurtechs mais ousadas, a Justos promete transformar o seguro auto com uma lógica meritocrática:


Motoristas mais cuidadosos pagam menos;

O aplicativo coleta dados de direção para premiar o bom comportamento;

Modelo baseado em telemetria, IA e gamificação, com alto apelo entre os jovens.


Essas startups mostram que o mercado de seguros no Brasil está longe de ser estático. Com foco em tecnologia, transparência e acessibilidade, as insurtechs estão pavimentando um novo caminho — mais conectado aos desejos e necessidades do consumidor contemporâneo.



Regulação e desafios enfrentados pelas Insurtechs


Apesar do crescimento acelerado e do entusiasmo em torno das insurtechs, o caminho da inovação no setor de seguros não é isento de obstáculos. No Brasil, o ambiente regulatório tem sido tanto um catalisador quanto um limitador da transformação digital. Além disso, as insurtechs ainda enfrentam desafios de ordem tecnológica, cultural e educacional.


Papel da SUSEP e do sandbox regulatório


A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) tem desempenhado um papel estratégico na modernização do setor. Como órgão regulador, ela é responsável por supervisionar e garantir a solidez do mercado segurador, mas também por estimular a inovação com segurança jurídica.


O que é o sandbox e como tem impulsionado a inovação


O chamado sandbox regulatório, lançado em 2020, é uma iniciativa que permite que startups atuem no mercado de seguros com modelos de negócios inovadores e menos restrições regulatórias, sob supervisão direta da SUSEP.


Funciona assim:


As insurtechs selecionadas operam com licenças temporárias e flexíveis;

Elas testam soluções inovadoras em ambiente controlado, por tempo limitado;

Durante o período de teste, há acompanhamento da SUSEP, que colhe dados e avalia riscos.


Com esse modelo, o Brasil segue a tendência global já adotada em países como Reino Unido, Singapura e Austrália, promovendo um ecossistema mais dinâmico, inclusivo e seguro para novos entrantes.


Até o momento, mais de 20 insurtechs já participaram do sandbox brasileiro, com propostas que vão desde seguros por assinatura até proteções peer-to-peer.


Barreiras tecnológicas, regulatórias e culturais


Apesar dos avanços, o caminho ainda é repleto de desafios que vão além da regulação. Muitas barreiras dificultam a expansão das insurtechs no país.


Desconfiança do público


O setor de seguros, por natureza, lida com promessas futuras — o que exige altíssimo nível de confiança entre consumidor e empresa. No Brasil, esse fator é agravado por:


Um histórico de burocracia e negativas de sinistro por parte de seguradoras tradicionais;

Dificuldade do público em entender se o modelo digital é confiável;

Pouca familiaridade com marcas novas e 100% digitais.


Assim, insurtechs precisam investir pesado em transparência, reputação e atendimento eficiente para quebrar essa barreira.


Necessidade de educação digital


Outro desafio crucial é o nível de letramento digital e financeiro da população. Muitos brasileiros ainda não:


Compreendem o funcionamento básico de seguros;

Sabem diferenciar tipos de cobertura e suas implicações;

Confiam em transações inteiramente digitais — especialmente em temas financeiros.


Por isso, as insurtechs mais bem-sucedidas estão desenvolvendo estratégias educativas, como:


Conteúdos explicativos em blogs e redes sociais;

Atendimento com linguagem simples e didática;

Simuladores que ajudam o usuário a visualizar seu perfil de risco.


Esses desafios, embora complexos, também são oportunidades. Cada barreira superada representa um diferencial competitivo e aproxima as insurtechs de um público mais amplo e consciente.



O impacto nas grandes seguradoras e no consumidor


A ascensão das insurtechs não representa apenas uma novidade tecnológica: ela está mudando profundamente a forma como o setor de seguros opera, afetando tanto as seguradoras tradicionais quanto os consumidores finais. Essa transformação vai além da digitalização — trata-se de uma mudança de mentalidade, cultura e experiência de uso.


Como as seguradoras tradicionais estão reagindo


As grandes seguradoras, antes confortáveis em um mercado altamente consolidado, foram surpreendidas pela agilidade e ousadia das insurtechs. A resposta veio em múltiplas frentes:


Parcerias com startups


Muitas seguradoras passaram a investir ou colaborar com insurtechs em vez de enfrentá-las como concorrência direta. Essa abordagem visa:


Acesso rápido a tecnologias inovadoras sem desenvolver internamente;

Explorar novos modelos de negócio com menor risco;

Aprender com a agilidade e foco no cliente típicos das startups.


Exemplos disso incluem:


Joint ventures com insurtechs focadas em nichos;

Programas de aceleração e incubação de startups;

Contratação de serviços de tecnologia sob white label.


Adoção de tecnologia e transformação cultural


Além das parcerias, as seguradoras tradicionais têm buscado renovar seus próprios processos, com foco em:


Automatização do atendimento (chatbots, apps, canais digitais);

Digitalização de propostas e sinistros, reduzindo papel e tempo;

Redefinição da cultura corporativa, incorporando metodologias ágeis e times voltados à inovação.


O objetivo é claro: competir com a experiência fluida e rápida que o cliente passou a exigir após ter contato com o padrão imposto pelas insurtechs.


Benefícios diretos ao consumidor


A maior revolução promovida pelas insurtechs é no centro da equação: o consumidor. E os impactos já são tangíveis, inclusive para quem ainda opta por seguradoras tradicionais, pois todo o mercado foi pressionado a evoluir.


Redução de custos


Com modelos enxutos, uso de dados para precificação mais justa e ausência de intermediários físicos, as insurtechs conseguem:


Oferecer produtos mais acessíveis;

Criar microseguros e planos sob demanda, mais alinhados à realidade do consumidor brasileiro.


Maior autonomia na escolha de coberturas


Os modelos modulares e personalizáveis permitem que o cliente:


Monte sua cobertura “à la carte”, pagando apenas pelo que realmente usa;

Ajuste o plano com facilidade, direto no app ou site, sem burocracia.

Isso representa uma quebra radical com o modelo engessado de seguros tradicionais.


Agilidade no atendimento e sinistros


Com uso de IA e plataformas 100% digitais, o tempo de resposta caiu drasticamente:

Contratação de seguros em minutos;

Aviso e resolução de sinistros online, muitas vezes com análise automática e pagamentos em menos de 24h;

Canais de atendimento omnichannel e 24/7.


Transparência e entendimento das cláusulas


A comunicação das insurtechs costuma ser:


Simples, direta e sem jargões técnicos;

Apoiada por visualizações intuitivas e simuladores;

Voltada à educação e empoderamento do cliente, não à confusão contratual.


Esse movimento eleva o nível de confiança no setor como um todo e impulsiona uma nova era de seguros mais humanos, acessíveis e centrados no usuário.



O futuro das Insurtechs no Brasil: tendências e oportunidades


Com um mercado de seguros em transformação acelerada, as insurtechs não são mais uma promessa — são protagonistas na construção de um setor mais tecnológico, transparente e centrado no consumidor. O Brasil, com seu potencial de digitalização e baixa penetração de seguros, desponta como um dos principais polos de inovação na América Latina.


Projeções de crescimento e captação de investimentos


Nos últimos anos, as insurtechs latino-americanas vêm atraindo aportes significativos, impulsionadas por fundos de venture capital, aceleração regulatória e crescente adesão dos consumidores.


Destaques do cenário atual:


Mais de US$ 1 bilhão investido em insurtechs na América Latina desde 2020, segundo dados da Latam Insurtech Report (2024).


O Brasil concentra cerca de 40% das startups de seguros da região, com destaque para hubs em São Paulo, Florianópolis e Belo Horizonte.


O crescimento projetado para o mercado de insurtechs no Brasil até 2030 é de duplo dígito ao ano, especialmente em produtos digitais e seguros on demand.


A expectativa é de que o ecossistema se torne ainda mais robusto com a maturação do Open Insurance, o avanço do sandbox regulatório da SUSEP e a crescente digitalização da população brasileira.


Tendências emergentes no setor


As inovações não param. A próxima onda de disrupção traz modelos mais sofisticados e experiências mais personalizadas para os usuários. Veja algumas das apostas mais promissoras:


Seguro parametrizado (indexado a eventos)


Também conhecido como parametric insurance, esse modelo paga automaticamente a indenização com base em um evento previamente definido, sem necessidade de comprovação convencional de perdas.


Exemplos:

  • Seguro agrícola que paga automaticamente quando o índice pluviométrico cai abaixo de certo nível;

  • Seguro de viagem que reembolsa atrasos de voo com base em dados da companhia aérea.


Vantagem: Redução de fraudes, maior agilidade e transparência.


Seguro como serviço (SaaS)


A lógica do Software as a Service chega ao mercado segurador, com plataformas que permitem ativar, pausar, escalar ou personalizar seguros em tempo real.


Impacto:

  • Mais aderência a novos estilos de vida e economia digital;

  • Integração com marketplaces, bancos digitais e super apps.


Exemplo real: Seguros ativados por geolocalização ou por eventos (uso de bicicleta, viagem, etc.).


IA generativa no atendimento ao cliente


Com a popularização de modelos de linguagem como ChatGPT, Claude e Gemini, o setor de seguros já explora o uso de IA generativa para:


  • Atendimento contextualizado, humanizado e instantâneo;

  • Explicações de cláusulas complexas em linguagem simplificada;

  • Geração automática de apólices personalizadas.


Tendência: Chatbots mais empáticos, com aprendizado contínuo e integração com todo o histórico do cliente.


Open Insurance e portabilidade de dados


Inspirado pelo Open Banking, o Open Insurance regulamentado pela SUSEP propõe a compartilhamento padronizado de dados entre seguradoras, insurtechs e clientes (mediante autorização).


Possibilidades:

  • Cotação automatizada e personalizada entre diversas seguradoras;

  • Portabilidade de histórico de sinistros e comportamento;

  • Produtos ajustados com base em dados reais, e não estimativas.


Open Insurance é o motor da próxima fase de inovação e competição no setor de seguros, favorecendo tanto startups quanto consumidores.



Como se beneficiar das Insurtechs: passo a passo para o consumidor

A transformação promovida pelas insurtechs não é apenas um avanço tecnológico para o setor — é uma oportunidade real para o consumidor assumir o controle da própria proteção financeira. Com mais transparência, agilidade e personalização, os seguros digitais colocam o cliente no centro da experiência. Mas para tirar o máximo proveito dessa nova realidade, é preciso seguir alguns passos estratégicos.


Guia prático para escolher uma insurtech confiável


Pesquise a empresa e sua reputação


Verifique se a insurtech é autorizada pela SUSEP.

Consulte avaliações em sites como Reclame Aqui, Trustpilot e Google Reviews.

Dê atenção especial a relatos sobre atendimento, sinistros e cancelamentos.


Leia o contrato e use simuladores


Não pule os termos e condições. Procure explicações simplificadas no site ou app.

Utilize simuladores de apólices para entender valores e coberturas.

Compare as condições com outros players do mercado.


Compare com o modelo tradicional


Faça uma análise objetiva entre a proposta da insurtech e as seguradoras tradicionais.

Avalie fatores como preço, flexibilidade, suporte e cobertura oferecida.


Teste o suporte antes de contratar


Entre em contato com o atendimento via chat ou telefone antes de fechar o contrato.

Observe o tempo de resposta, a clareza das respostas e o tom do atendimento.


Dica de ouro: Segurança e praticidade devem caminhar juntas. Um bom seguro começa com uma decisão bem-informada.


Dicas para aproveitar ao máximo os seguros digitais

Use os aplicativos e configure alertas


Baixe o app da insurtech e explore todos os recursos.

Ative notificações para pagamentos, renovação e atualizações de apólice.


Atualize suas informações regularmente


Mantenha seus dados pessoais, endereço e meios de pagamento atualizados.

Isso evita problemas na cobertura e facilita a comunicação.


Fique atento às inovações e upgrades de plano


As insurtechs frequentemente lançam novos produtos ou funcionalidades.

Avalie se faz sentido migrar de plano ou contratar coberturas adicionais com base na sua realidade atual.


Lembre-se: Seguro não é algo para deixar no automático. Em um ambiente digital, você tem a chance de ser protagonista da sua proteção.



Referências, fontes e leituras recomendadas


Para garantir um conteúdo confiável, embasado e em sintonia com as tendências do setor, este artigo se baseou nas seguintes fontes:


  • Relatórios oficiais da SUSEPR

    elatórios sobre Open Insurance, sandbox regulatório e inovação no setor de seguros.


  • Estudos da ABFintechs e Distrito Insurtech Report

    Mapeamento anual das insurtechs brasileiras, benchmarks e cases.


  • Pesquisas de consultorias internacionais

    McKinsey & Company – "Insurance 2030"

    CB Insights – “Insurtech Trends”Statista – Dados globais sobre penetração de seguros e digitalização.


  • Artigos exclusivos do portal Rota do Gain Finanças Conteúdos aprofundados sobre inovação, mercado financeiro e transformação digital.



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